Tecnologia desenvolvida por professora e alunos da UEPB para produzir passa de abacate é patenteada
A patente de invenção refere-se ao processo de produção e estabilidade da passa de abacate, desenvolvido no Núcleo de Pesquisa e Extensão de Alimentos (NUPEA), vinculado ao Centro de Ciências e Tecnologia da UEPB, no Campus I. O invento, registrado junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), nasceu de uma pesquisa de Iniciação Científica iniciada em 2020 pela professora Pablícia Oliveira Galdino, do Departamento de Química.
Além da colaboração com os discentes da graduação em Química Industrial, em Farmácia e com técnicos ligados ao NUPEA, o projeto contou com a participação de três alunos: Danielly Barbosa dos Santos e Sonally de Oliveira Lima, do curso de Química Industrial, e Carlos Wesllen Soares Cassimiro, do curso de Farmácia. A equipe teve a patente do invento depositada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em junho deste ano.
Rico em gorduras saudáveis, o abacate é uma excelente fonte de ácido oleico, um tipo de gordura que favorece a saúde do coração e ajuda na absorção de nutrientes. Presente naturalmente em diversos óleos e gorduras de origem animal e vegetal, o ácido oleico é o principal componente do óleo de abacate, que apresenta perfil lipídico semelhante ao do azeite de oliva.
Segundo a professora Pablícia Oliveira Galdino, a transformação do abacate em fruta passa pode ser uma alternativa viável para evitar perdas pós-colheita e agregar valor ao produto. Dependendo do método utilizado, “a produção da passa de abacate exige baixo investimento em equipamentos, permitindo a conservação em temperatura ambiente e a fabricação em pequena escala”. A passa de abacate pode ser consumida diretamente ou incorporada a diversos alimentos, como sorvetes, barras de cereais, iogurtes, queijos e até mesmo como lanche rápido, devido às características típicas de uma fruta seca.
Método de conservação da fruta
De acordo com a professora Pablícia Galdino, “Nesse processo de produção da passa de abacate foram utilizados três métodos de conservação, garantindo a qualidade nutricional, sensorial e a preservação de compostos bioativos com propriedades funcionais que atuam como antioxidantes para a manutenção da saúde do consumidor, sendo que cinco porções diárias compreendem a quantidade necessária para um indivíduo adulto.”
O primeiro desses processos foi o branqueamento da fruta, no qual o abacate foi submetido ao vapor d’água e imediatamente resfriado em água corrente e disposto sobre papel absorvente para retirada do excesso de umidade. “Esse procedimento é importante para a inativação da enzima peroxidase, presente no abacate, que deixa a fruta escura depois de cortada. Com o branqueamento, a fruta mantém a coloração natural e seu aspecto de frescor”, explicou Danielly Barbosa dos Santos, que fez parte da pesquisa e hoje é mestranda em Química na UEPB.
A segunda etapa foi a desidratação osmótica, que consiste “em um pré-tratamento para a preservação dos atributos sensoriais, tais como, cor, sabor, odor e textura do alimento”, destacou a professora Pablícia.
A terceira e última parte foi realizada por meio da secagem convectiva. O método utiliza ar quente para remover a umidade do material, sendo amplamente aplicado em processos industriais. A técnica envolve a transferência de calor do ar para o alimento, promovendo a evaporação da água e sua posterior remoção do sistema.
Ainda conforme a docente responsável pela pesquisa, “as técnicas asseguram a estabilidade do produto alimentício, permitindo sua comercialização durante todo o ano, independentemente do período de safra, já que o abacate é um produto sazonal.”
Importância da pesquisa e uso da tecnologia
Segundo a professora Pablícia Galdino, a produção do invento pode ser implementada em escala industrial, com um viés inovador e tecnológico. Também pode ser adotada por produtores de abacate, devido à simplicidade dos processos e ao baixo custo. Além disso, o alimento pode ser comercializado à temperatura ambiente, acondicionado em embalagem primária ou de venda, com vida útil de prateleira de até três meses.
A professora também destaca que projetos como esse representam mais uma conquista promissora do NUPEA, que reúne professores, técnicos e alunos, não apenas pela relevância científica e publicações em periódicos e eventos técnicos, mas também por oferecer respostas práticas à sociedade.
Danielly Barbosa, que contribuiu com as análises químicas do projeto ainda durante a Iniciação Científica, concorda com a professora ao destacar que é nesse período que os cientistas começam a ser formados e moldados. “Quando passei em Química, percebi que gostava daquilo [pesquisa]. E quando comecei a trabalhar com o PIBIC, vi que era realmente isso que eu queria fazer. Eu queria pesquisar! E eu me encontrei no curso, a nível de Graduação e Pós-graduação”, comemora atual mestranda.
Esse ponto de vista não é compartilhado apenas por Danielly. Carlos Wesllen Soares Cassimiro, graduado em Farmácia e participante da pesquisa que resultou na patente, também concorda com ela.” Esta pesquisa assumiu importância singular para mim. Não apenas pelo seu potencial inovador que resultou em patente, mas também pelo fato de ter sido meu primeiro trabalho na área da pesquisa. Por meio dela, tive uma compreensão mais profunda sobre o que é fazer ciência, com suas dificuldades e relevância”, pontou.
E ele vai mais além: “acredito que esta patente pode ser considerada um exemplo de que os investimentos feitos no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) são de grande relevância para o avanço científico em nosso país, uma vez que, ainda na graduação já se pode observar resultados. Sendo assim, o PIBIC assume papel-chave para a formação de novos cientistas”, enfatizou o farmacêutico.
Sonally de Oliveira Lima, graduada em Química Industrial e mestre em Química pela UEPB, também corrobora com os colegas que participaram da pesquisa. “Ao longo da minha formação, sempre busquei me envolver com projetos que unissem ciência, inovação e impacto real. Tive a oportunidade de colaborar no desenvolvimento do processo que resultou na patente do abacate em passa: uma experiência enriquecedora que contribuiu muito para o meu crescimento como pesquisadora. Participar desse projeto me fez enxergar ainda mais o valor da pesquisa aplicada e reforçou minha vontade de continuar explorando caminhos na ciência e na tecnologia”, reforçou.
Zélio Sales
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