Campanha de prevenção ao alcoolismo entre mulheres em Campina Grande.
A síndrome da dependência ao álcool é definida pela OMS como “Estado psíquico e também geralmente físico, resultante da ingestão de álcool, caracterizado por comportamento de compulsão para ingerir álcool de modo contínuo ou periódico”. Busca-se experimentar os efeitos psíquicos do álcool e por vezes evitar o desconforto da falta. Outro aspecto da dependência ao álcool é a tolerância caracterizada pela necessidade de doses maiores para produção do mesmo efeito.
De acordo com dados do Relatório Global sobre Álcool e Saúde divulgado pela Organização Mundial da Saúde (2014), O álcool é consumido praticamente em todo o mundo, com incidência e prevalência que acometem 10% dos homens e, 3,5% das mulheres, ocorrendo em todas as faixas etárias.
Do ponto de vista médico, o alcoolismo é uma doença crônica, com aspectos comportamentais e socioeconômicos, caracterizada pelo consumo compulsivo de álcool, com várias consequências decorrentes do uso contínuo. O usuário se torna progressivamente tolerante à intoxicação produzida pelo álcool, e apresentam sintomas de abstinência, tremor, insônia, irritabilidade, náuseas e vômitos, alteração de batimentos cardíacos, sudorese, etc..
Estudos epidemiológicos apontam um novo padrão de uso de álcool entre mulheres, destacando que a intensidade dos efeitos dessa substância no organismo da mulher é mais exacerbada em comparação aos homens, mesmo mediante a ingestão de quantidades iguais de álcool. Isso ocorre devido a menor quantidade de água presente no organismo das mulheres, que acelera a distribuição e metabolização do álcool; e a menor presença em seus organismos de enzimas hepáticas que metabolizam essa substância.
Além de doenças como cirrose hepática, alguns tipos de câncer, pâncreas, esôfago e estômago, desnutrição, depressão, demência, doenças dos nervos periféricos, infarto do coração, derrame cerebral, traumas diversos, acidentes, e até mesmo homicídios e suicídios, o uso abusivo do álcool por mulheres também acarreta ação nociva sobre a gestação, como a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), e expõe a mulher à prática de violência.
A Síndrome Alcoólica Fetal é o conjunto de sinais e sintomas apresentados pelo feto, decorrente do uso de álcool pela mãe durante a gravidez. Os transtornos incluem lesões físicas, cognitivas e de memória, sendo a forma mais severa a própria SAF, caracterizada por anomalias faciais distintas, déficit intelectual, problemas cognitivos e problemas comportamentais. Atualmente é considerada a maior causa prevenível de déficit intelectual no mundo.
Compreendendo essa problemática, o município de Campina Grande instituiu por meio da lei municipal 5.583/2014a Programa de Prevenção ao alcoolismo entre mulheres, a ser realizada entre os dias 22 a 28 de fevereiro de cada ano, tendo como objetivo alertar e sensibilizar a população por meio de informações e ações acerca do tema.
O Programa Educação e Prevenção ao uso de Álcool, Tabaco e outras Drogas da Universidade Estadual da Paraíba (PEPAD/UEPB) demonstra otimismo na tomada de decisão dos legisladores e abraça a causa por intermédio do presente texto.
Ana Paula Santino Fialho.
Fontes:
Organização Mundial da Saúde (OMS)
Relatório Global sobre Álcool e Saúde (2014)
Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA)
Albert Sabin Hospital e Maternidade